Quando aprendemos assim.
Eu fui criada para ser esposa, mãe e dona de casa.
Eu nasci na década de 70, uma época em que a mulher não tinha ainda sua total independência.
Minha mãe casou cedo, parou de estudar para trabalhar e ajudar em casa, após a morte do meu avô, as coisas ficaram mais difíceis.
Na tenra idade, ela conheceu meu pai, após um breve noivado, casaram.
Isso naquela época era comum: casar cedo.
Já casada, após três anos de união, eu nasci. Minha mãe ficou em casa cuidando dos afazeres domésticos de mim e do meu irmão mais novo.
As condições financeiras em casa eram boas, portanto, ela tinha uma vida confortável, pois meu pai tinha uma boa profissão.
A vida da minha mãe se resumia em cuidar da casa, do casamento e dos filhos.
Foi aí que ela decidiu por mim que eu seria dona de casa, esposa e mãe.
Erro dela, pois eu deveria ser a primeira a querer seguir o mesmo caminho, mas isso não ocorreu.
O tempo passou, e eu aprendi tudo o que ela sabia sobre como cuidar da casa, como criar os filhos e como precisar ter um marido.
Pois sabemos bem que uma mulher solteira nunca é bem vista, isso era o pensamento dos séculos passados, mas a sociedade ainda cobra essa postura do estado cívil feminino.
Apesar de hiṕocrisia ser grande em torno desse assunto, ainda temos muito o que conversar.
Na década de 80 e 90 a tecnologia não estava em alta, então as informações não eram acessíveis como hoje em dia.
Eu aprendi tudo que a minha mãezinha ensinou, com o passar do tempo, aprendi a questionar aquilo que eu não queria, mas por inúmeras vezes, criei situações complicadas por não aceitar o que a mim era imposto.
O tempo passou, sim ele passa rápido.
Eu fui percebendo a importância de mudar a minha vida, quanto mais o tempo passava, mais eu ficava para trás.
Adiava as decisões e ficava cada dia mais submissa das circunstâncias.
Consegui mudar a minha história, recuperei a tempo aquilo que havia perdido.
Minha mãe não teve culpa por querer me dar aquilo que ela aprendeu, geralmente, as mães querem sempre o melhor para os seus filhos, e ela ensinou o que adquiriu com a minha avó.
Nos dias atuais, percebemos a mudança dessa realidade em torno do papel de uma mulher na sociedade.
Esse papel não se define em afazeres domésticos, casamento e maternidade.
Apesar de existir essa cobrança, muitas mulheres aprenderam a impor sua autonomia, não se submetendo
mais a papéis que não as satisfazem.
As escolhas são de cada um, jamais deverão ser colocadas como obrigatoriedade.