Ficção -> Poesia
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ilustração


Não faço parte deste lugar


Assim como uma molécula polar pequena não-carregada atravessa a membrana de uma célula facilmente, 

As percepções sensoriais são mais aguçadas dentro de mim, 

Como o ouvir, o cheirar, o saborear, o sentir, o olhar 

Sim, é a sensibilidade

 

Benção e maldição, 

Pois permitem me abrir como uma caixa a guardar utensílios e entulhos;

Será que as pessoas compreendem o que quero externalizar? 

Dedico-me naturalmente às pessoas como uma criança que esboça tanto espanto quanto um sorriso encantador ao se deparar com a descoberta de um novo brinquedo ao lado de quem ama?

 

Compreensão 

Não me sinto compreendido, 

A dor me dilacera, 

Não faço parte deste lugar,

Sinto arrepios quando penso que absorvo o exterior, mas o que realmente sinto no momento se torna encarcerado dentro de mim

 

Solidão 

Como os íons que não atravessam a membrana de uma célula sem transportador, 

Me sinto à mercê de um salvador, 

Contudo, quem poderá assumir meu vocabulário? 

O contorcer das minhas pálpebras ao sorrir? 

A seriedade em meu rosto compõe lábios cerrados e olhos estufados, 

Com a língua dentro de minha boca que se move em um fluxo contínuo, porém refreada por meus pensamentos melindres, 

Digo ou não digo? 

Abraço ou me afasto? 

Sinto, mas não expresso 

 

Na espera por minha própria resposta,

Construo ao redor de minha aura tijolos cinzentos bem fundamentados, 

Que contrastam com a leveza

E com a escuridão…

 

Voar 

Eu quero voar 

Quebrar os tijolos opacos que me posicionam no centro de minha zona de conforto, 

Simplesmente criar asas, para me encontrar em outro lugar…

 

Fugir 

E não olhar para trás 

Talvez eu escolha os tijolos vermelhos, 

Apresentáveis e que menos devastam meu ser

 

Prisão

  Por escolher o tom escarlate dos blocos dos meus pesares em construção, 

Pelo o menos estarei em segurança…



Em razão do arranha-céu semelhante ao de Burj Khalifa dentro de mim, 

Já não tenho uma caixa, mas muitas 

E as organizo por cômodos que pintei de vermelho,

É a cor do sombreado de meus olhos, 

De meus lábios cerrados, 

De minha paixão ilusória pelo viver. 

E se meu edifício for como como as entranhas do inferno, 

Ou conforme um purgatório envolto por rubi vermelho do mineral corundum? 

 

A minha sombra de Glitter não precisa de retoques, 

Em um prédio 

Destruidor  

Implacável 

Teatral

Me fantasio para o Carnaval, 

Não há mais lugar para o brilho em meu vestido curto do tipo slip dress de poliéster, 

E nem mesmo para a elaboração do 164° andar. 

 



25/09/2023 08:00




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