Esse círculo gira ao meu redor
É inquietante, sufocante e limitante
Contém várias camadas penetrantes
E todas elas adentram em mim
Representam meus sentimentos
Desejo, amor, raiva, medo, inveja
Irrompem a porta de meu coração
E me dilaceram pouco a pouco
Por que?
Eu me pergunto
Reflito e sei responder
Que a complexidade de minha humanidade existe
E é difícil entendê-la
Posso abrigar a bondade e a maldade
Não sou uma "coisa" só
Eu quero, eu amo, eu torço, eu amargo
Eu ajudo, eu invejo, eu vibro, eu viro a cara
Esse círculo é meu juíz
Que me atormenta e me alenta
Porque eu percebo que não há para onde fugir
Fugir da própria alma?
Das camadas que me subdividem?
Me liberto
Me prendo
As minhas facetas me dizem que devo me contentar
E entender que sou apenas um ser humano
Errando e acertando
Amando e odiando
E não preciso me rotular
Quem sou eu?
Eu sou o tudo e o nada
A minha vida é o tudo
A minha morte é o nada
Um dia tudo irá acabar
Mas eu não preciso desistir
Posso encontrar a plenitude
Nas pequenas atitudes
Antes que venha o nada
E leve tudo