Encontro-me dentro de um poço profundo,
envolvido por cordas altamente entrelaçadas,
sem contemplar o brilho da manhã,
sendo que o que me resta é esperar,
por um futuro que, talvez, possa não chegar
Assusto-me com caveiras diante de meus olhos,
as quais passaram pelo estado de putrefação após a morte
Ouço o tremor dos esqueletos
que acompanha meu ego ferido
Quando olho para o teto, mais esqueletos caem próximos a mim,
E eu me pergunto: A vida precisa ser grandiosa ou pode ser simples?
Posso conviver com minhas incertezas?
Cada vez que penso que a vida deve ser vivida com maestria,
Ele aparece para fortalecer as cordas que me prendem,
retira minha leveza, acomoda o terceiro pecado capital dentro de mim,
migra pela circulação sanguínea
e se espalha pelo o meu corpo como uma metástase,
tomando minhas vísceras,
exterminando meus neurônios
É Ele,
o Ego,
sem freios,
narcísico,
não aceita os erros,
intensifica o medo
No final de tudo,
deixaremos de existir
Apenas as consequências de nossos atos restarão
Por isso, resta-me decidir:
Entrelaço-me com cordas mais grossas,
permito que minha alma morra diversos momentos para que meus esqueletos se acumulem dentro do poço,
ou arrisco-me a contemplar o brilho da manhã?