Antigamente, era possível sentar em frente as casas para bater aquele papo descontraído. Às vezes, passávamos à noite jogando conversa fora e ouvindo música. As portas das casas podiam ficar abertas, não havia a necessidade de ficarmos trancafiados. A noite, assim como o dia, era algo para nos deslumbrar sempre que observávamos a lua. Hoje em dia, isso ficou para trás. Não pudemos mais acalentar as estrelas ou sair com os amigos, mesmo que seja na esquina, sem pensar em ter alguém para levar aquilo que é nosso. Não é possível bater aquele papo legal no portão, pois as portas das casas precisam estar gradeadas. Ouvirmos aquela música incrível no caminho da escola ou do trabalho?
Ah, isso então, nem pensar, corremos o risco de ser abordados no trajeto.
Enquanto andamos de ônibus, aquele que quer tirar o que nos pertence está de carro, chega sem avisar. Ele fica à espreita, tira o nosso sossego e sai sem punição.
Não tem pena de matar, roubar ou estuprar. Ah, eu esqueci, no estupro, a vítima é sempre a culpada.
Existiu um tempo em que a vida tinha muito valor, o respeito era essencial e a empatia perserverava. Agora, o que restou, foram parasitas para sugar o nosso equilíbrio e desequilibrar todo um sistema.